Cerca de um ano antes de se mudar para o Brasil, o engenheiro venezuelano Rafael Camejo já começou a estudar português na Escola Casa Brasileira. Da cidade de Puerto La Cruz, onde morava, na Venezuela, ele assistia às aulas on-line e praticava o que aprendia, falando com clientes da empresa onde trabalhava. Assim, quando chegou a São Paulo, em janeiro de 2021, Rafael já conseguia entender muita coisa que ouvia no trabalho, nas ruas ou na televisão. Mas sabia que deveria continuar os estudos para que pudesse se expressar com autonomia e se sentir inserido no novo país.
“No início, minha maior dificuldade era falar ao telefone com brasileiros. As frases mais complexas eu precisava falar em inglês”, lembra Rafael. “Nas reuniões de trabalho, eu começava e terminava falando em português, mas durante a maior parte do tempo eu me expressava em inglês”, completa. Já morando no Brasil, cada vez mais Rafael se conscientizava do quanto era importante que se comunicasse em português, não somente no trabalho, mas nas tarefas cotidianas, como fazer compras, por exemplo. Ele, inclusive, se lembra de algumas situações que agora até acha engraçadas: “Uma vez a balconista da farmácia me perguntou se eu tinha cédula para pagar a compra e eu mostrei minha carteira de identidade. Em outra ocasião, a atendente da lanchonete me perguntou qual era o meu pedido e eu respondi dizendo o meu sobrenome”, conta.
Rafael destaca que situações confusas envolvendo o idioma também aconteceram no ambiente de trabalho e dá um exemplo: “Escrevi um e-mail para um colega, solicitando uma reunião. Ele me respondeu: ‘Pois não!’. Achei estranho, pensei que ele estivesse bravo, negando, e não consegui entender o porquê. A cada dia, eu ia percebendo como era extremamente necessário estudar a língua falada no Brasil, não somente para me comunicar, mas também para compreender hábitos culturais e sociais do país”, afirma.
Rafael continuou então seu curso de português, onde compartilhava com a professora Marta Dionísio suas dúvidas e percepções sobre o idioma, que então já fazia parte da sua vida e da sua família. É que sua esposa, Corina, e sua filha caçula, Isabela, também começaram a fazer o mesmo curso, logo que se mudaram para o Brasil, em fevereiro de 2022 (a filha mais velha, Sofia, mora nos Estados Unidos). “O português passou a estar presente até na nossa casa, onde às vezes também o utilizamos para nos comunicar”, ressalta Rafael.
Foram dois anos e meio estudando e Rafael faz questão de destacar o quanto as aulas mediadas pela professora foram imprescindíveis para o seu aprendizado. “Muita gente pensa que basta estudar um pouco pela internet e pronto. Isso não é suficiente. Conheço pessoas de outros países da América Latina que acham que falam bem o português, mas hoje sei que não falam. Na aulas, além da gramática, é possível praticar a pronúncia correta das palavras e conhecer inúmeros outros aspectos marcantes do jeito de falar e da cultura do povo brasileiro”, comenta. Rafael salienta, ainda, que outras ações também são essenciais para o sucesso no aprendizado: “É necessário se dedicar, fazer as tarefas, pesquisar, ler livros e assistir a filmes em português, sempre com um olhar atento. Participar do Clube Interagir, promovido semanalmente pela Escola Casa Brasileira, também é indispensável. Além disso, é preciso se arriscar, nunca ter medo de falar”, reforça.
Hoje Rafael já está totalmente adaptado ao Brasil, fala e escreve em português com fluência. “Sei que ainda tenho muito o que aprender, mas graças ao curso posso dizer que conheço o idioma e muitos costumes desse lindo país. Tem sido uma experiência muito positiva viver aqui. Gosto do jeito de ser do brasileiro, sempre alegre e acolhedor. Minha família e eu fomos recebidos com muito carinho. Desde o início, sinto que somos bem-vindos e isso é muito importante. As pessoas daqui sempre nos dizem que estão nos recebendo de portas abertas. E eu fico feliz em hoje poder retribuir a gentileza, conversando com elas e agradecendo em português”, conclui.
Escrito por Cíntia Nascimento, jornalista, pedagoga, escritora e professora de Português para estrangeiros.

Que bacana a experiência de Rafael! E parabéns à escola e aos professores pelo trabalho, que valoriza nosso idioma e dá a oportunidade de estrangeiros viverem e trabalharem aqui com mais facilidade.
Parabéns, eu gostei muito do curso e dessa entrevista 🎉